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Bastidores do Poder: Eleições municipais no ritmo do ferry-boat

Por Ba Notícia em 10/05/2024 às 12:07:22
Bastidores do Poder

Bastidores do Poder

Candidato único

Faltando pouco menos de 6 meses para as eleições municipais, o clima em Salvador é de plebiscito. A sensação é que os eleitores precisarão escolher apenas se o prefeito Bruno Reis (União Brasil) permanece ou não no cargo. Apesar dos esforços do vice-governador Geraldo Júnior (MDB) e do cientista social Kléber Rosa (PSOL), a população ainda não está engajada em discutir a cidade e o debate segue restrito às bolhas partidárias e aos agentes da política local, que usam a imprensa e as redes para trocar ofensas e acusações, sem despertar o interesse da população em geral. O atual prefeito da capital comemora o ambiente favorável à sua reeleição e parece ter apenas um adversário real capaz de tirar o seu favoritismo no pleito de outubro: ele próprio. O clima de "já ganhou", sua arrogância e falta de equilíbrio para lidar com temas espinhosos, como a venda de áreas verdes da cidade para seus aliados políticos, pode colocá-lo numa zona fatal.


Camaçari em chamas

Se o marasmo toma conta de Salvador, em Camaçari o clima é de uma cidade às vésperas do 6 de outubro, domingo de votação do primeiro turno. Entrevistas quentes, ataques diretos, plenárias com participação popular, agenda de rua com a presença de multidões, adesivaços nos carros e quase tudo que o espetáculo eleitoral pode proporcionar no tempo regulamentar de uma campanha eleitoral. Os dois principais candidatos se equilibram na linha tênue que separa o engajamento político permitido em uma pré-campanha do crime eleitoral. Espero que o Tribunal Regional Eleitoral da Bahia esteja atento, desde já, às movimentações de Luiz Caetano (PT) e Flávio Matos (União Brasil), sobretudo ao segundo pré-candidato, que tem seu principal apoiador, o prefeito Elinaldo Araújo (União Brasil, com uma caneta poderosa nas mãos.


Moema quer perder

Ainda na Região Metropolitana, vale usar uma lupa para analisar a estratégia eleitoral da atual prefeita de Lauro de Freitas, Moema Gramacho (PT). A gestora, que está em seu quarto mandato, parece ter feito propositalmente a pior escolha de seu candidato à sucessão com o objetivo de perder as eleições. Como já era previsto, Antonio Rosalvo não engajou e ainda não disse a que veio. A ideia por trás da escolha completamente equivocada é entregar a Prefeitura para seus adversários visando uma tentativa de retorno ao cargo daqui a quatro anos. O governador Jerônimo Rodrigues parece ter entendido a estratégia de Moema e já se movimenta para derrubar Rosalvo e colocar um novo candidato da base na disputa.


Cine Privé

Tem candidato à prefeitura de uma importante cidade baiana preocupado com o tom que será dado por seu adversário no primeiro debate eleitoral. O medo é que seu oponente exponha, ainda que sutilmente, seu passado profano, regado a muita festa, bebida e mulheres, transformando o tradicional debate em uma sessão do saudoso Cine Privé. O risco é pequeno, muito pequeno, se é que me entendem. Fato é que isso talvez explique o porquê do tal fanfarrão estar com sua pré-campanha em banho maria desde sempre. Medo de ter seu telhado de vidro destruído e ter sua respeitabilidade e credibilidade, que também são pequenas, reduzida a pó.


Talvez nem vice

Para quem não tá lembrado, Rosalvo é aquele que disse que ia "tapar a boca" de Débora Régis em evento recente em Lauro de Freitas. A esquerda, que tanto defende os direitos das mulheres, passou pano para a misoginia do pré-candidato, mas o governador Jerônimo Rodrigues recebeu a informação do ataque à adversário e não gostou do que viu. Esse teria sido o motivo do início da queda de Rosalvo. Se duvidar, nem candidato a vice ele será. A conferir.


Marca tamanho G

Se na gestão do ex-governador Rui Costa as obras eram apelidadas de tamanho G, por conta da grandiosidade dos investimentos, no governo Jerônimo grande mesmo são as marcas que o Governo do Estado está "carimbando" nas obras inauguradas, independente do seu tamanho e importância. Um dos prédios do Hospital Ortopédico, por exemplo, tem duas marcas gigantescas, uma ao lado da outra, a uma distância de menos de 2 metros. Uma forma grosseira de impor a presença do Estado.


Vai piorar

Informações obtidas com exclusividade pela coluna Bastidores do Poder revelam que a "tara" do governador Jerônimo pela marca oficial do Governo do Estado está fora de controle. Ele determinou que a Secretaria da Educação e o a Conder revisitem a planta das novas escolas da rede estadual de ensino e carimbem todos os espaços possíveis com sua marca. A orientação é que as plotagens sejam todas no tamanho GG. Praticamente uma tentativa de lavagem cerebral dos estudantes e professores. Quer mais? Pois delegacias da Polícia Civil e unidades da Polícia Militar também devem ser alvo da carimbada de Jerônimo. Vale lembrar que todas essas plotagens com marcas de Governo, por força da lei eleitoral, serão retiradas na campanha eleitoral de 2026. Ou seja, além de mau gosto e da poluição visual grosseira, a ação vai gerar uma despesa absurda aos cofres públicos.


Palanque online

Quem lê atentamente os sites locais consegue perceber, sem fazer esforço, que a maioria dos portais tomou partido em relação às eleições em Salvador e nas principais cidades da Bahia. Tem site que nem mesmo publica matéria do seu adversário, como se fosse possível isso, como se a imprensa pudesse ter adversário. Nessa primeira edição da coluna, fica o recado a políticos e leitores. A imprensa é livre e fundamental para a democracia, portanto aqui o nosso olhar atento e crítico estará voltado a todos e todas.

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